Neste ano, a estabilidade deverá ser o principal destaque na demanda global por aço, em comparação com 2024. No entanto, espera-se uma retomada do crescimento mundial em 2026.
Henrique Patria
A Associação Mundial do Aço (Worldsteel), que reúne produtores, institutos de pesquisa, universidades e entidades ligadas à siderurgia e que representa cerca de 85% da produção global, divulgou seu mais recente estudo: a Perspectiva de Curto Prazo (SRO) para a demanda mundial de aço em 2025 e 2026.
A projeção para 2025 indica estabilidade em relação a 2024, com a demanda global alcançando cerca de 1.750 milhões de toneladas (Mt). Já para 2026, prevê-se uma recuperação modesta de 1,3%, elevando a demanda para 1.773 Mt.

Comentando o cenário, Alfonso Hidalgo de Calcerrada, economista-chefe da Associação Espanhola de Produtores de Aço (UNESID) e presidente do Comitê de Economia da Worldsteel, afirmou: “Apesar da intensificação da guerra comercial global e das incertezas envolvidas, estamos cautelosamente otimistas de que a demanda mundial por aço atingirá seu ponto mais baixo em 2025 e apresentará crescimento moderado em 2026. Essa visão positiva se apoia na resiliência da economia global, na continuidade dos investimentos em infraestrutura pública nas principais economias e na esperada flexibilização das condições de financiamento.”
O crescimento projetado para 2026 será impulsionado por tendências regionais distintas. Espera-se uma desaceleração na demanda chinesa, enquanto economias em desenvolvimento como Índia, Vietnã, Egito e Arábia Saudita devem registrar forte expansão. Além disso, prevê-se o tão aguardado retorno do crescimento da demanda por aço na Europa.
Na China, a demanda deverá continuar em queda em 2025, com retração de cerca de 2,0%. Essa projeção representa uma desaceleração da tendência negativa observada desde 2021, causada principalmente pela crise no setor imobiliário, que deve seguir em declínio em 2026, com nova queda estimada de 1%.
Nos países em desenvolvimento, excluindo a China, a demanda por aço deverá crescer de forma robusta: 3,4% em 2025 e 4,7% em 2026. Esse avanço será puxado pelo bom desempenho da Índia e de países das regiões ASEAN e MENA.
A demanda indiana por aço deverá manter seu ritmo acelerado, com crescimento próximo a 9% entre 2025 e 2026, sustentado pela expansão contínua dos setores consumidores de aço. Em 2026, a demanda na Índia deverá ser quase 75 Mt superior à registrada em 2020.

Na África, a demanda permaneceu praticamente estável entre 35–40 Mt desde meados de 2010. Contudo, desde 2023 observa-se uma mudança significativa, com sinais claros de retomada na construção e no consumo de aço. Estima-se que, nos últimos três anos, a demanda africana tenha crescido em média 5,5% ao ano. A maioria das economias do continente alcançou maior estabilidade, com redução da volatilidade inflacionária e cambial. Além disso, diversas nações estão adotando ambiciosas agendas de diversificação econômica, apoiadas por reformas estruturais.
Na América Central e do Sul, projeta-se uma aceleração da demanda por aço em 2025, com crescimento acima de 5%. Esse avanço será impulsionado por uma recuperação de dois dígitos na Argentina — após queda superior a 30% em 2024 — e por um sólido crescimento de 5,0% no Brasil, onde programas de habitação social continuam a fomentar o consumo de aço na construção civil.
Nos países desenvolvidos, a previsão é de queda de 0,5% na demanda por aço em 2025, marcando o quarto ano consecutivo de retração desde 2021. Para 2026, espera-se uma recuperação de 1,5%, com a demanda na UE e nos EUA atingindo o fundo do poço em 2025 e retomando crescimento modesto. Por outro lado, Japão e Coreia devem manter demanda contida ao longo de 2026.
A região UE+Reino Unido deverá crescer 1,3% em 2025 e 3,2% em 2026. O retorno do crescimento na UE reflete o impacto do aumento dos gastos com infraestrutura e defesa, aliado à melhora das condições macroeconômicas — como inflação mais baixa, crédito mais acessível e aumento da renda familiar real.
Por fim, a demanda por aço nos EUA deverá crescer 1,8% em 2025, impulsionada pela antecipação da produção diante do aumento de tarifas e dos investimentos em infraestrutura. Em 2026, espera-se novo crescimento de 1,8%, sustentado pela demanda reprimida na construção residencial e nos investimentos privados. Para acessar todo o estudo: https://worldsteel.org/media/press-releases/2025/worldsteel-short-range-outlook-october-2025/
Fonte: worldsteel.org

